terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Na Cegueira do Século XXI

Quando canto e vejo que não sou escutado
Penso estar louco
Quando reconheço a tristeza que é a pobreza
Penso estar louco
Quando chove e penso em me molhar
Penso estar louco
Quando sigo sem carro na contra-mão
Penso estar louco

Mas louco eu não sou de pensar
Então penso estar louco

Quando nego o verdugo a minha porta
Penso estar louco
Quando me bate a ausência de estar só
Penso estar louco
Quando estou sorrindo nas horas erradas
Penso estar louco
Quando quero beber exageradamente
Penso estar louco

Mas louco eu não sou de pensar
Então penso estar louco

(Dedico a todas as ovelhas negras; o importante é aprender a lhe dar com a diversidade)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

O olhar aguçado que produz respostas...

Então, se o pensamento é a guerra civil do ser, pode-se dentro da sociedade moderna analisarmos cada fato cotidiano e desvendar então as influências que nosso interior sofre decorrido dessa indução externa canalizada ao tal da guerra civil (cognitiva) e individual, claro que com mais intensidade e facilidade na cabeça de uns. Há os indivíduos nomeados “casca grossa” que são mais difíceis de serem rompidos – não que estes não façam parte deste fluxo sistemático capitalista – por conterem dentro de si um antídoto que por vezes excede a força descontrolada do caos, tornando-o útil. Ou seja, é possível um rompimento entre esta transição dos fatos externos passando-os por um tipo de filtro onde se extrai somente o que lhe é propicio de acordo com sua estrutura cultural e racional. Esse antídoto seria esse juízo cultural perceptível sobre a realidade imposta, como uma identidade subjetiva de onde nascem caminhos alternativos para se confrontar com as regras padrões. Na peça “Fuga!”, senti esse conflito excessivamente. A mente parece se associar em alguns casos mesmo não sendo explicito (propositalmente) o que se representam em cena, vindo até nós de forma simbólica representativa onde nos obriga a buscar respostas para se formular as atitudes expostas, por hora estranhas, outras comuns até demais, outras figurativas, abstratas, realistas, metafísicas, mas todas deixam no ar um mistério-poético onde o “ver pra então se olhar” codifica individualmente segundo suas experiências o que se passa a pouca distância (o que no começo nos dá a impressão da existência da quarta parede, um mero engano), e olha que muitas propostas de cena fizeram-me sentido em alguns dias depois no decorrer do meu cotidiano, por que querendo ou não as imagens grudam na mente exatamente por conterem em si essa essência mistério-poético, como num sonho onde tudo parece retalho ou num quebra cabeça em que temos a noção de toda a figura, mas precisamos encaixar peça por peça. De inicio a gente se sente constrangido, estranho, incomodados com a própria diversão, os atores ficam lá olhando pra você num tempo indeterminado como crianças ingênuas quando se deparam com um estranho a primeira vez. Eu fiquei sem reação, sem expressão alguma, não sabia se ria se ficava sério, desviava o olhar e fixava, pensei até em sair gritando por paranóia provocada. É, eles realmente provocam reações, ativam essa guerra civil que vezes contida, se relacionam com o público (que até certo ponto está perdido em seu próprio mundo, em transe) diretamente e se não fossem os celulares ligados em cena e os toques musicais ativos... Eles não se moveriam, eu não me daria conta de que tudo é teatro (e de que não existe a quarta parede). Ah, aí sim! Por um certo momento pensei, agora a “peça” segue seu rumo, e seguiu, belíssima, bizarra, misteriosa, cada vez mais se aprofundando na linguagem simbólica representativa e a gente se deixa levar como num sonho inconsciente, brincadeira alternativa de adulto-criança onde o tempo real lhe parece surreal e o que é parece não ser. A peça é uma experimentação da fusão entre dança-teatro com uma linguagem contemporânea onde se especula sobre o convívio do homem moderno em sua sociedade consumista libertária como forma comum de poder total alienante e toda facilidade das massas se adaptarem liquidamente (Zygmunt Bauman – Modernidade Líquida) ás tecnologias padrões e por essa razão se desapegarem afetivamente entre si: “ter é ser e ser é estar”.



Baita peça punk!


FUGA! LIDA COM EMOÇÕES PARADOXAIS, DO RISO AO CHORO! É O CORPO RELACIONAL, PARADOXAL, EXISTENCIAL, QUE SE VIRTUALIZA E SE DILUI NO ESPAÇO.


1. SISTEMA NERVOSO DILATADO - DE QUE FORMA SE CONECTA NOSSA MEMÓRIA PESSOAL A TODA ESTA CONFUSÃO DE ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS? (NOBERTO PRESTA - DIRETOR)




2. NOSSO COTIDIANO BANAL CONTÉM O MUNDO E UMA ESFERA POÉTICA INSUSPEITA, COMO A TÉCNICA DURA TAMBÉM CONTÉM UM TERRITÓRIO DE MISTÉRIO, ONDE O QUE SE É NÃO INTERESSA, BASTA SER (JOÃO RICARDO - ASSISTENTE DE DIREÇÃO).




3. INDIVÍDUOS COMO ILHAS, QUE NÃO PODEM, NO ENTANTO, VIVER SEM OUTROS. RELAÇÕES INEVITÁVEIS DE AFETOS, SEMPRE PRESENTES, QUASE SÓLIDAS, POR VEZES, MAS DE NOVO FUGIDIAS (JULIANA SCHIEL - FOTÓGRAFA).




4. FAZER NASCER DE VC+EU, A TERRA, APOIO DE NOSSOS PÉS FLUTUANTES, ERRANTES, QUE CONCENTRAM O DESEJO DO FUTURO, ATUALIZANDO O QUE CHAMAMOS DE PASSADO EM CADA FIO DE CABELO MEU QUE CAI, QDO RETIRO MEUS GRAMPOS...(ANA CLARA - DANÇARINA).




5. ME ABRAÇA E DIZ QUE ME AMA...E ASSIM FAZER A PELE SE SENTIR TOCADA.(CAROLINA LARANJEIRA - DANÇARINA).




6. EU QUERIA LEMBRAR DE TUDO O QUE EU JÁ ESQUECI, SÓ PRA TER CERTEZA DE QUE EU QUERO ESQUECER AQUILO QUE EU LEMBRO. (EDUARDO ALBERGARIA - ATOR).




7.O RELÓGIO PULSA DENTRO E FORA DE MIM...QUERO PREENCHER ESSE BRINCALHÃO ANSIOSO CHAMADO TEMPO...QUE TEMPO É ESSE QUE ME FAZ CORRER DISPUTANDO COMIGO MINHA VIDA, OS MEUS CAMINHOS? (EVELYN LIGOCKI - ATRIZ).


Cheira a Espirito Jovem (Nirvana)

Carregue suas armas
E traga seus amigos
É divertido perder
E fingir
Ela está chateada
E certa de si
Oh não, eu sei
Um palavrão

Olá, Olá, Olá, Que baixaria
Olá, Olá, Olá, Que baixaria
Olá, Olá, Olá, Que baixaria
Olá, Olá, Olá...

Quando as luzes estão apagadas
É menos perigoso
Aqui estamos agora
Entretenha-nos
Sinto-me estúpido e contagioso
Aqui estamos agora
Entretenha-nos
Um mulato
Um albino
Um mosquito
Minha libido
Yeah

Sou pior no que faço melhor
E por este presente eu me sinto abençoado
Nosso grupinho sempre foi
E sempre será até o fim

Olá, Olá, Olá, Que baixaria
Olá, Olá, Olá, Que baixaria
Olá, Olá, Olá, Que baixaria
Olá, Olá, Olá...

Quando as luzes estão apagadas
É menos perigoso
Aqui estamos agora
Entretenha-nos
Sinto me estúpido e contagioso
Aqui estamos agora
Entretenha-nos
Um mulato
Um albino
Um mosquito
Minha libido
Yeah

E eu me esqueço porque eu provo
Ah sim, eu acho que isso me faz sorrir
Eu achei difícil, é difícil de achar
Bem, tanto faz, deixa pra lá

Olá, Olá, Olá, Que baixaria
Olá, Olá, Olá, Que baixaria
Olá, Olá, Olá, Que baixaria
Olá, Olá, Olá...

Quando as luzes estão apagadas
É menos perigoso
Aqui estamos agora
Entretenha-nos
Sinto-me estúpido e contagioso
Aqui estamos agora
Entretenha-nos
Um mulato
Um albino
Um mosquito
Meu libido
Yeah

Uma negação



“Por favor, não desliguem os celulares, mantenham algum tipo de contato com a realidade lá de fora...”.