terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Na Cegueira do Século XXI

Quando canto e vejo que não sou escutado
Penso estar louco
Quando reconheço a tristeza que é a pobreza
Penso estar louco
Quando chove e penso em me molhar
Penso estar louco
Quando sigo sem carro na contra-mão
Penso estar louco

Mas louco eu não sou de pensar
Então penso estar louco

Quando nego o verdugo a minha porta
Penso estar louco
Quando me bate a ausência de estar só
Penso estar louco
Quando estou sorrindo nas horas erradas
Penso estar louco
Quando quero beber exageradamente
Penso estar louco

Mas louco eu não sou de pensar
Então penso estar louco

(Dedico a todas as ovelhas negras; o importante é aprender a lhe dar com a diversidade)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

O olhar aguçado que produz respostas...

Então, se o pensamento é a guerra civil do ser, pode-se dentro da sociedade moderna analisarmos cada fato cotidiano e desvendar então as influências que nosso interior sofre decorrido dessa indução externa canalizada ao tal da guerra civil (cognitiva) e individual, claro que com mais intensidade e facilidade na cabeça de uns. Há os indivíduos nomeados “casca grossa” que são mais difíceis de serem rompidos – não que estes não façam parte deste fluxo sistemático capitalista – por conterem dentro de si um antídoto que por vezes excede a força descontrolada do caos, tornando-o útil. Ou seja, é possível um rompimento entre esta transição dos fatos externos passando-os por um tipo de filtro onde se extrai somente o que lhe é propicio de acordo com sua estrutura cultural e racional. Esse antídoto seria esse juízo cultural perceptível sobre a realidade imposta, como uma identidade subjetiva de onde nascem caminhos alternativos para se confrontar com as regras padrões. Na peça “Fuga!”, senti esse conflito excessivamente. A mente parece se associar em alguns casos mesmo não sendo explicito (propositalmente) o que se representam em cena, vindo até nós de forma simbólica representativa onde nos obriga a buscar respostas para se formular as atitudes expostas, por hora estranhas, outras comuns até demais, outras figurativas, abstratas, realistas, metafísicas, mas todas deixam no ar um mistério-poético onde o “ver pra então se olhar” codifica individualmente segundo suas experiências o que se passa a pouca distância (o que no começo nos dá a impressão da existência da quarta parede, um mero engano), e olha que muitas propostas de cena fizeram-me sentido em alguns dias depois no decorrer do meu cotidiano, por que querendo ou não as imagens grudam na mente exatamente por conterem em si essa essência mistério-poético, como num sonho onde tudo parece retalho ou num quebra cabeça em que temos a noção de toda a figura, mas precisamos encaixar peça por peça. De inicio a gente se sente constrangido, estranho, incomodados com a própria diversão, os atores ficam lá olhando pra você num tempo indeterminado como crianças ingênuas quando se deparam com um estranho a primeira vez. Eu fiquei sem reação, sem expressão alguma, não sabia se ria se ficava sério, desviava o olhar e fixava, pensei até em sair gritando por paranóia provocada. É, eles realmente provocam reações, ativam essa guerra civil que vezes contida, se relacionam com o público (que até certo ponto está perdido em seu próprio mundo, em transe) diretamente e se não fossem os celulares ligados em cena e os toques musicais ativos... Eles não se moveriam, eu não me daria conta de que tudo é teatro (e de que não existe a quarta parede). Ah, aí sim! Por um certo momento pensei, agora a “peça” segue seu rumo, e seguiu, belíssima, bizarra, misteriosa, cada vez mais se aprofundando na linguagem simbólica representativa e a gente se deixa levar como num sonho inconsciente, brincadeira alternativa de adulto-criança onde o tempo real lhe parece surreal e o que é parece não ser. A peça é uma experimentação da fusão entre dança-teatro com uma linguagem contemporânea onde se especula sobre o convívio do homem moderno em sua sociedade consumista libertária como forma comum de poder total alienante e toda facilidade das massas se adaptarem liquidamente (Zygmunt Bauman – Modernidade Líquida) ás tecnologias padrões e por essa razão se desapegarem afetivamente entre si: “ter é ser e ser é estar”.



Baita peça punk!


FUGA! LIDA COM EMOÇÕES PARADOXAIS, DO RISO AO CHORO! É O CORPO RELACIONAL, PARADOXAL, EXISTENCIAL, QUE SE VIRTUALIZA E SE DILUI NO ESPAÇO.


1. SISTEMA NERVOSO DILATADO - DE QUE FORMA SE CONECTA NOSSA MEMÓRIA PESSOAL A TODA ESTA CONFUSÃO DE ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS? (NOBERTO PRESTA - DIRETOR)




2. NOSSO COTIDIANO BANAL CONTÉM O MUNDO E UMA ESFERA POÉTICA INSUSPEITA, COMO A TÉCNICA DURA TAMBÉM CONTÉM UM TERRITÓRIO DE MISTÉRIO, ONDE O QUE SE É NÃO INTERESSA, BASTA SER (JOÃO RICARDO - ASSISTENTE DE DIREÇÃO).




3. INDIVÍDUOS COMO ILHAS, QUE NÃO PODEM, NO ENTANTO, VIVER SEM OUTROS. RELAÇÕES INEVITÁVEIS DE AFETOS, SEMPRE PRESENTES, QUASE SÓLIDAS, POR VEZES, MAS DE NOVO FUGIDIAS (JULIANA SCHIEL - FOTÓGRAFA).




4. FAZER NASCER DE VC+EU, A TERRA, APOIO DE NOSSOS PÉS FLUTUANTES, ERRANTES, QUE CONCENTRAM O DESEJO DO FUTURO, ATUALIZANDO O QUE CHAMAMOS DE PASSADO EM CADA FIO DE CABELO MEU QUE CAI, QDO RETIRO MEUS GRAMPOS...(ANA CLARA - DANÇARINA).




5. ME ABRAÇA E DIZ QUE ME AMA...E ASSIM FAZER A PELE SE SENTIR TOCADA.(CAROLINA LARANJEIRA - DANÇARINA).




6. EU QUERIA LEMBRAR DE TUDO O QUE EU JÁ ESQUECI, SÓ PRA TER CERTEZA DE QUE EU QUERO ESQUECER AQUILO QUE EU LEMBRO. (EDUARDO ALBERGARIA - ATOR).




7.O RELÓGIO PULSA DENTRO E FORA DE MIM...QUERO PREENCHER ESSE BRINCALHÃO ANSIOSO CHAMADO TEMPO...QUE TEMPO É ESSE QUE ME FAZ CORRER DISPUTANDO COMIGO MINHA VIDA, OS MEUS CAMINHOS? (EVELYN LIGOCKI - ATRIZ).


Cheira a Espirito Jovem (Nirvana)

Carregue suas armas
E traga seus amigos
É divertido perder
E fingir
Ela está chateada
E certa de si
Oh não, eu sei
Um palavrão

Olá, Olá, Olá, Que baixaria
Olá, Olá, Olá, Que baixaria
Olá, Olá, Olá, Que baixaria
Olá, Olá, Olá...

Quando as luzes estão apagadas
É menos perigoso
Aqui estamos agora
Entretenha-nos
Sinto-me estúpido e contagioso
Aqui estamos agora
Entretenha-nos
Um mulato
Um albino
Um mosquito
Minha libido
Yeah

Sou pior no que faço melhor
E por este presente eu me sinto abençoado
Nosso grupinho sempre foi
E sempre será até o fim

Olá, Olá, Olá, Que baixaria
Olá, Olá, Olá, Que baixaria
Olá, Olá, Olá, Que baixaria
Olá, Olá, Olá...

Quando as luzes estão apagadas
É menos perigoso
Aqui estamos agora
Entretenha-nos
Sinto me estúpido e contagioso
Aqui estamos agora
Entretenha-nos
Um mulato
Um albino
Um mosquito
Minha libido
Yeah

E eu me esqueço porque eu provo
Ah sim, eu acho que isso me faz sorrir
Eu achei difícil, é difícil de achar
Bem, tanto faz, deixa pra lá

Olá, Olá, Olá, Que baixaria
Olá, Olá, Olá, Que baixaria
Olá, Olá, Olá, Que baixaria
Olá, Olá, Olá...

Quando as luzes estão apagadas
É menos perigoso
Aqui estamos agora
Entretenha-nos
Sinto-me estúpido e contagioso
Aqui estamos agora
Entretenha-nos
Um mulato
Um albino
Um mosquito
Meu libido
Yeah

Uma negação



“Por favor, não desliguem os celulares, mantenham algum tipo de contato com a realidade lá de fora...”.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Vida Soturna (Conto)


Lá estava a lua, através da janela aberta do quarto, entrava uma brisa fria e confortava Antônio no verão soturno. O Antônio é um rapaz calmo e conhece a si mesmo, gosta de fazer amigos, apesar de nunca escolher os certos amigos, se bem que o próprio Antônio não é tão certo assim, mas entre seus amigos mais velhos, sua juventude está avançada para um pequeno rapaz.
E é assim que todos os enxergam, como um pequeno rapaz boa pinta, magrela e sempre sorridente, até em situações complicadas, Antônio dá a volta por cima sorrindo. Admito que ele não vê a vida como um mar de rosas cobrindo a consciência, a visão que ele tem do mundo é exatamente como o verão de Fevereiro, uma visão soturna da vida.
Hoje mesmo, o rapaz está acordado quando deveria estar dormindo, algo muito novo lhe aconteceu durante o dia, e o deixou numa ansiedade noturna. Esperando logo que o dia expulse a noite, retirou um cigarro para fumar, subiu na janela rente a lua e ficou a renhir o que tortura a consciência.
Baratas caminhavam escondidas pelos cantos escuros do quarto, teias de aranhas pregadas por de trás dos armários e cabelos negros desfilam ao vento pelo chão do quarto.
Antônio se queixa desta sujeira, sua triste rotina ao lado da mãe cansada e desamparada, só sabe desancar a lerdeza do rapaz, dizendo coisas que mais serve a ela própria, como uma péssima dona de casa. Tudo o que ela mais anseia são as novelas da tv, a casa fica como esteve, suja, aparentando ausência de humanos. D. Sueli é austera, a ponto de ver o filho chorando e o ignorar por não querer se envolver, ao contrário de Antônio que possui bondade demais.
A bondade, às vezes, atrapalha o individuo, num mundo onde nos deparamos com a crueldade logo que acordamos, nos colocamos no pesadelo realista em derredor de dividas, só por viver, pois até na hora da morte se gasta dinheiro, e quando somos bons demais com os outros, corremos o risco de morrer dependurado numa cruz. Bondade demais é risco de vida.
Terminando o cigarro, Antônio, ainda transbordando angústia, acende outro cigarro ao saltar para dentro do quarto, algo que D. Sueli abomina em sua presença. Sem se importar com seu ato antagonista às regras da casa, atravessa a porta do quarto e passeia pelo corredor alastrando a fumaça do cigarro. Pronto para ouvir um grito de alerta, segue para o quarto de sua mãe. O cheiro de mofo encobre preponderante ainda, o corpo estirado na cama, mesmo com o cheiro de cigarro dominando o quarto, D. Sueli ainda permanece intacta em seu leito, num espelho próximo ao canto, o rosto lépido de Antônio não reflete o que por dentro está confuso. Coberto por uma máscara alheia a sua angústia, desfere um golpe que destrói o espelho em pedaços. Antônio se coloca de pé aos pés de sua mãe e põe-se a observar a pose em que ela está, ali ficou até o cigarro chegar ao fim. Em sua cabeça passavam lembranças que preferia esquecer, mas são lembranças ruins que hoje se tornaram burlescas, não são nada mais que imagens inocentes que o tornaram forte, por isso ele as passa sem parar e segue a relembrar em busca de algo que o faça rir, até que existem algumas, se o futuro inesperado que o aguarda não torturasse tanto sua ética, ele até poderia rir de algo.
Cansado de espremer o cérebro, Antônio volta para seu quarto na tentativa de dormir tranqüilo, se vira para um lado, se vira pro outro e nada, nem sequer o silêncio das vozes em sua mente, continuam a motejar o coitado. Ele e senta no escuro, se deixa levar pela consciência, até que o alvor surge entre as festas da velha janela de madeira.

Seu rosto abatido o acompanha pelas estradas de terra. Depois de uma longa caminhada ele encontra a mercearia do Souza.
- Posso usar o telefone para uma emergência?
- Claro, Antônio, é algo com sua mãe? Pergunta Souza todo preocupado.
Antônio não tinha tempo pra dar explicações, logo que termina a ligação, sai voando sem ao menos agradecer. Durante toda tarde, Antônio ficou sentado em frente à porta de sua casa, observando as cercas que seguiam por um longo caminho até se perderem no meio do mato enorme. As moscas pousavam em seus pés, rodavam sua cabeça, e ele, nem se movia, a não ser quando era pra acender outro cigarro. Seus olhos abatidos estavam perdidos num infinito patamar de questões sombrias, a sua volta reinava um silêncio comum da rotina. Um vira lata familiar que carregava uns parasitas passou e por pouco tempo observou o rapaz com desprezo até se retirar. Seus lábios tragavam a fumaça viciosa e nada mais diziam. As bitucas de cigarro se aglomeravam no chão enquanto ele esperava. Souza, o dono da mercearia passava para retornar do trabalho e percebeu o estado em que o rapaz se encontrava, caminhou até ele na esperança de quebrar a abulia oferecendo ajuda, mesmo não sabendo qual o motivo de tanta peculiaridade.
- O que houve Antônio?
Souza não obteve êxito algum, sentiu que Antônio estava ruim, insistiu em ajudar.
- Onde está sua mãe?
Então, Antônio o olhou fixamente nos olhos e sem exprimir qualquer resposta: levantou-se e entrou. Souza começava a estranhar as atitudes do rapaz, mesmo assim decidiu segui-lo, entrou no aposento e procurou por Antônio em todos os cômodos da casa, agora a situação em que a casa se encontrava começava a assombrar Souza. Ao chegar no andar de cima se virou para a primeira porta que viu. Em poucos passos precisos e Souza se encontra tolhido na entrada dum dos quartos. Num canto quase irreconhecível, Antônio se encolhe.
- Por Deus, porque não me avisou antes rapaz? Gritou Souza. Na tentativa de se aproximar do leito de D. Sueli, suas pernas titubeantes o jogaram sobre uma cadeira próxima, D. Sueli numa aparência fúnebre. Permanecia com os olhos arregalados e brancos, sua pele pálida lhe dava a pior impressão, pior ainda de quando estava viva. Seus dedos expressavam a dor que sentira ao agonizar, suas pernas espalhadas, um para cada lado demonstrava o quanto ela se debateu ao morrer. Sua boca aberta, onde moscas entravam e saiam não podiam mais resmungar, coagir Antônio, muito menos. Restava a Antônio se retirar deste decrépito enfaro, porém o que mais o preocupava não era a morte de sua mãe, que como ele mesmo dizia, já estar morta antes mesmo de perder a vida, a angústia de Antônio era perante seu futuro. Como era muito novo pra trabalhar, vivia as custas da aposentadoria de seu pai falecido, só lhe restava morar na cidade com seus tios cristãos.

No enterro da mãe, Antônio não derramou lágrimas de dor, de seus olhos escorriam lágrimas de desespero. Os poucos amigos da vizinhança apareceram para amparar Antônio, também estavam presentes, seus tios que vieram da cidade após dois dias de viagem, eles também não choraram de dor, devem ter chorado de alívio, pois difamavam a falta de fé de D. Sueli, repugnavam suas atitudes grosseiras e desleixadas, chegaram até a fazer campanha de oração na igreja que freqüentam, agora, se o diabo possuía, ou não, o corpo da velha, só em outro plano se encontra a resposta. No caso de Antônio e toda sua bondade de rapaz civilizado, sobrou uma vida imprópria na casa dos tios.
Para os bons, a vida é muito severa, ainda mais a ele (Antônio) que nunca freqüentou a igreja, o vicio do cigarro é alvo de críticas todo santo dia. Nem bem acorda e já é requisitado pela tia que grita na porta do quarto.
- A missa Antônio, a missa!
E a impressão que acompanha sem cessar no novo lar de Antônio, é de que qualquer dia desses, ele vai ensandecer de uma vez por todas.

(Bom, pelo que me lembro, este conto foi escrito a uns dois anos atrás (2005), numa fase estranha da minha vida, acabávamos de nos mudar, eu minha mãe e irmã, viemos de Guarulhos/SP para Indaiatuba. Eu ficava no quarto escutando música clássica e fumando feito caipora, um cigarro atrás do outro. Não tínhamos amigos, começamos tudo do zero praticamente, no começo foi difícil, meu lazer era me trancar dentro do quarto e ficar desenhando, pintando ou escrevendo coisas neuróticas, ta aí o resultado de uma criatura minha – risos. Hoje as coisas estão mais estáveis, tenho amigos, não fumo mais Marlboro e nem paro dentro do quarto (muito menos em casa) mais, acho que o Antônio que vivia dentro de mim resolveu agir ao invés de se deixar levar pela bondade passiva que determinava o fluxo de vida que lhe impuseram).




quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Aninha (Conto)

Os olhinhos dela acalentavam a ansiedade, em sua mãozinha os dedinhos se curvavam e levantavam-se espontaneamente e inconscientes ordenados pelo furor de emoções que sentia.
Não havia pisca-pisca algum para refletir-lhe nos olhos amendoados, mas estes brilhavam intensamente uma esperança triste, inconformada com a realidade.
Ainda ontem arrastava e cravava uma colher na areia vermelha do terreno baldio ao lado da casa onde mora, pegou escondido da mãe após o almoço: pão e feijão.
Ela fez um castelo, uma fortaleza cercada de água de esgoto onde nenhum mal pode se aproximar dos portões que selam a fronteira mundana. E ficou ali, plantada, feito gira-sol, observava calada, encantada com seu feito artístico.
Considerava-se a maior arquiteta do mundo, nem sua casa construída aos papelões encontrados possuía tanto glamour que seu castelo.
Aconteceu que a mãe se deu conta da colher, e descobriu a brincadeira, ralhou com a menininha, a chuva castigava naquele fim de tarde, e ela se pôs a chorar escondida dentro do banheiro.
No outro dia de manhã ia ajudar a mãe nos faróis da metrópole cinzenta, acordou cedo e foi logo despertando a mãe delicadamente, prepararam as poucas gomas que sobraram e saíram em busca de um ganha pão.
A cidade fica cheia de símbolos natalinos nessa temporada festiva, a menininha encantava-se mesmo não entendendo o verdadeiro sentido de tantos clichês. Ela saltava durante a caminhada, eufórica, ouviu de um coleguinha a respeito dum tal papai Noel, mas não entendeu direito, sabia que ele estava pra chegar, mas não sabia quando e nem onde.
A cada vitrine que ficava para trás seus olhos amendoados alimentavam-se de cores e enfeites brilhantes das novas lojas que surgiam. De repente ela parou, sua mãe a puxava pelo braço na intenção de prosseguir, mas ela insistiu em paralisar, e paralisou. A mãe a observando logo se deu conta do que era, não deu a mínima á surpresa da filha.
Os olhinhos dela acalentavam a ansiedade, em sua mãozinha os dedinhos se curvavam e levantavam-se espontaneamente e inconscientes ordenados pelo furor de emoções que sentia.
Não havia pisca-pisca algum para refletir-lhe nos olhos amendoados, mas estes brilhavam intensamente uma esperança triste, inconformada com a realidade, e pensava sobre o objeto banhado a ouro, bordado artesanalmente flores de jasmim e luxuosamente acompanhado de uma gema belíssima no cabo.
- Quando eu vou poder ter uma colher como aquela da vitrine?
Indagou seu ser...
Indagou seu ser...
Indagou seu ser...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

(...) Se é Natal Não Sei!

É dia cinco de dezembro, uma chuva como outras sequer, mas chuva de dezembro essa...
Parece até ritual, costumo me inspirar enquanto gotas molham todo lugar.
Odeio natal!
Um trépano numa caixa embrulhada em papel presente vermelho, laço de cor fria e um cartão com mensagens solidárias até que me acomodaria nessa época tão festiva. Eu acho...
Podemos é arrumar as bagagens e ir pra longe dessas luzes coloridas sem brilho algum. Só teu sorriso me poupa grana, ocupa as horas, satisfaz minha alma, brilha mais teu olhos em cores quentes do que esse pisca-pisca infernal.
Natal é tão triste quando se está só, enamorando tudo muda, e agora meu refúgio está em seus braços onde encontro sentido pra todas as simbologias que representam esta data. Não, aos presentes limitados e arvores enfeitadas, não preciso de felicidade natalina, nem de parentes que tão distantes me querem secretamente só até o dia da revelação, brincadeira sem senso. Antes, quando criança entendia tudo como consumo, associava esse dia aos montes de brinquedos que ganhava, mas hoje compreendo tudo sem novidade alguma: consumo.
Passo o ano todo em estado evolutivo, são poucos parentes que reconhecem isso e fazem visitas surpresa, esses merecem meu reconhecimento e consideração leal, mas infelizmente não gosto de entregar tais qualidades dentro duma caixa embrulhada. Está tudo aqui, de prontidão em mim!
Odeio natal, cada vez mais que se aproxima da véspera desejo mais que passe ligeiro, tão ligeiro que nem me dê conta do furor, pois todo ano são as mesmas coisas, os mesmos rituais natalinos, as mesmas cores e canções antigas, e eles prometem mudar no ano novo que vem.
Será que Jesus tem noção do que se transformou a sua data de nascimento? Um monstro consumido pelos donos do dinheiro sujo, um carnaval vermelho de causar inveja e inimizade nas classes baixas, um banquete que sobra e vai pro lixo, um buraco no estômago que só aumenta a cada piscada das luzes.
Não é justo!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Artes Superficiais

Uma coisa é fazer naturalmente, outra é artificialmente...
E dentro da estética sobressaltar somente a beleza externa, por dentro: vazio e sem concepções nenhuma, sem pré, nem retórica.
Isso de fato ocorre demais, e me deixa angustiado: falta de criatividade, originalidade. Comento sobre por causa da hierarquia injusta da distribuição interna de algumas empresas, nem ao menos diálogo ou idéias construtivas, nem ao menos consideração pelos envolvidos e até mesmo pelo trabalho todo em si... Artificial, sem propósitos, nem estética própria (pra dizer sinceramente), não se tem olhar critico sobre o próprio trabalho realizado, o mesmo erro persiste orgulhoso, coisas de amador, longe de ser profissional.
De que adianta comprarmos um livro pela capa?
De que adianta fazer arte sem sentido algum?
Pra que produzir o artificial?
Quando tratamos de arte, independente de que área se trate, devemos primeiro desconfiar do primeiro achado (idéias), depois argumentar essas idéias; precisamos definir a quem se dirige e por que da realização de tal arte. A arte precisa de essência e razões pra existir, assim como não existir razão numa arte, a torna superficial (se você prefere quantidade ao invés de qualidade, não dirijo essas palavras ao olhares devoradores quantitativos, estou cobrando qualidade, então nem termine a leitura, a linguagem aqui tratada é pragmática ao extremo, a não ser que tua mente seja aberta, poderá rever seus conceitos).
Uma coisa é admirar uma obra pronta, se inspirar e produzir algo original, pois o mundo da arte funciona como “industria de idéias”, agora, mesmo usurpando a idéia de um artista, garanto que as perspectivas serão ainda diferentes. Faça você mesmo! Trabalhe com que tem, use a imaginação, e se não tem experiência aguçada sobre o teu olhar, comece agora a treinar isso, se não entende do assunto não pode criticar (vaia de bêbado não vale), se não tem conhecimento das cores e composição não pinte, se não organiza sua idéias não pode traduzi-las pro papel, se não conhece a si mesmo se tornará mais um na multidão.
Minha professora de Artes plásticas sempre dizia: “desenhar é como dirigir carro, você pode ter carta e noção do que fazer com o volante nas mãos, mas se você não pratica...” .
Primeiro é preciso gostar do que se faz, não faça por fazer, isso é feio, é melhor nem tentar quando o desleixo vem naturalmente, frontalmente. Lembre-se, procure sempre fazer criticas construtivas, não aponte somente os defeitos, arranje soluções. Criticar a arte dos outros é muito comum e fácil.Se você não leva jeito realmente pra arte, então desista, deve-lhe existir algo que faça melhor, como assistir a televisão ou limpar as substâncias que teu cachorro deixa diariamente no quintal... Não seja uma cópia dessa substância.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Memória Corporal

Subindo a ladeira rolando
Esforçando-me pra alcançar o impossível
Lutando com todas as armas, forma física, forma psíquica.
Amarrando com dois nós todas as oportunidades
Vou, assim, subindo a ladeira rolando...
E nessa vida, as cicatrizes, dores aos prantos, desilusões repentinas, e tudo que me criou.
Guardadas na memória corporal, e incorporadas nesta carne torturada, manchada de sangue e lágrimas, cortes e hematomas, fadiga e devaneios contínuos.
Em meu corpo toda a trajetória duma luta interminada, mas não perdida: acumulada!
Forma física de minha mente doentia, lúcida e destrutiva, e se representasse todos os monstros internos que crio num curral mundano, não tão sórdido quanto o mundo, mas tão perigoso quanto o tal.
Ah, aí sim, todos temeriam minha aparência. Pois da minha consciência ninguém tem juízo, pelo menos não podem me arrancar a alma, minha carne podem mastigar, mas o que é tão sagrado pra mim: não, minha mente não!

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Sentimentos Eternos

Um curto tempo passou, feito a eternidade,
Eu me vi numa razão corpo incendiado,
Não sabia se queimava de vez ou apagava.
E meio que queimado contorno a velha razão desmiolada...
A eternidade pode estar logo ali:
Na esquina, numa ligação, num passeio de tarde ensolarada,
Numa carta de amor moderna, num olhar piedoso, numa palavra,
A lágrima de dor, na dor do coração, na felicidade duma companhia,
Em sentimentos adormecidos, na ausência viva, na vitória pós-erro...
No preconceito que encontra conceitos, naqueles lábios que beberam a sede sem fim, nos retratos em movimentos precisos do inconsciente: memórias afetivas. Nas grandes coisas pequenas, nos abraços que ao acaso acudiram as lastimas...
Há um sonho adormecido em cada um, predestinado no inconsciente durante a vida que traçamos e que despertará imortal quando a morte vier, ai alguns dirão estar no céu porque é fruto da própria imaginação, com o céu sonharão durante toda morte sem se dar conta de que o céu e o inferno estão alojados na mente fantástica do homem.
As pessoas precisam de motivações para fazer dos momentos uma eterna referência do sentido que suas vidas possuem.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

A Espreita: Iago!

A gente se envolve depois é difícil desenvolver...
Existe compreensão que reflete a diversidade
Pois preconceitos estão enraizados na natureza do homem
Alguns se deixam levar pelo egoísmo
Autônomos reconhecem os próprios erros.

Os dias passam e eu tento sobreviver só
É tão sem graça, murcho e sem açúcar.
Todo algo tem um lugar que represente você
Parece até maldição hoje em dia,
Parece até que toda noite é dia...

Eu sei que eu mesmo abri a porta
Retirei-me da tua vida conturbada
Mas teu sorriso estranho, tão sofrido,
Ainda está gravado na minha memória
Estou tentando compreender, esquecer.

Não tínhamos nada em comum, a não ser carência,
Vivemos após com as diversidades impostas, banais.
Aprendemos a conviver, mas não a lutarmos.
Os invejosos envenenavam: os seus “amigos”.
E você com medo de enfrentar a solidão ao meu lado.

Atirava-me na escuridão!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Lágrimas

Até a beira dos olhos ela ameaça derramar
Mas um medo contido de se entregar
Faz com que ela retorne ao interno ferido
Procurando um refugio onde lembranças não a absorvem.


Por que desta você provou com tanta honra
Parecia até que eram poucas pra você
E me encurralava no canto da parede
Suas palavras doíam mais que sua ausência

Por Deus, tentei pedir clemência,
Ele sabe que tentei esquecer, juro...
Mas minha dignidade estava em jogo

Não vim a esse mundo pra enterrar o amor
Caminho despercebido na multidão
Porém sinto que estou vivo e queimando...

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Velha Conduta

Vou provocar uma série de fenômenos dentro de você
Fazendo-te desconhecer tudo, em teu próprio universo.
Só procuro acertar, só isso, assim como toda essa massa:
Velha conduta!
Derrubar qualquer preconceito sem conceitos.
Encadear uma série de emoções que motivem seus sentimentos,
Os sentimentos mais ricos a serem conquistados.
A gente constrói e destrói pra reconstruir se necessário.
Só quero não ter medo de te encarar, em qualquer espaço ou tempo.
Pois pra transformar é preciso construir-se primordialmente.
E seguir então... Alimentando as borboletas que bailam no estômago.
Como o beija-flor, quero ser o maior dos arquitetos, e sustentar nosso ninho.
Novamente um palhaço do amor: pretendo encarnar esse papel.
Ver o amor cerrando está casca grossa que me envolve.
Infiltrando-se na superfície onde só resta vazio do passado,
Renomeando minhas lembranças fragmentadas,
Refundindo o que parecia adormecer na penumbra cinza do desgosto.
É que na vida existem certezas e incertezas, e eu sei exatamente o quero agora.
Pelo amor!Enquanto a dor... Não quero ter de pari-la novamente.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Hedonistas

Vê se para com essa paranóia e perseguição!
Se você não confia na minha palavra então não confia na minha pessoa, é por isso que não quero mais perder meu tempo com gente dessa laia!
Eu preciso de alguém que aposte no meu valor, que acredite em mim, se você não é essa pessoa, não posso fazer nada, ponha-se no teu lugar que é junto desse bando alienado, de espécie em espécie dominante!
Tem alguém expressando mesquinhez como a tua em algum esgoto por aí...
Se você não tem capacidade racional pra sentar numa mesa e levar uma conversa então vai pra boate pular a noite inteira...
Gente como você sofre mais preconceito exatamente por não se respeitar, conhecer-se, diferenciar-se, a sociedade precisa de mais um padronizado como você, estereotipado, por que assim é mais fácil controlar, e infelizmente deduzirem sobre minha sexualidade baseado na tua vida podre.
Espero que Deus perdoe todos esses homenzinhos que não evoluem e nem necessitam, sequer, de conhecimento. Que passam a vida toda buscando mais prazer pérfido, um intenso fazer sem sentido; naturalmente fazem tudo o que outrora diziam repugnar: “machismo homofóbico egoísta padrão”.
E no dia em que deveriam gritar por uma liberdade mais justa e verdadeira, transformam os ideais num carnaval banal, ridicularizando a imagem intelectual, tornando igual o que deveria sobressair. É isso mesmo, eu digo porque já estive presenciando esses fatos, e não me animo em dizer que me senti a menor pessoa que existe dentro dessa imensa sociedade debochada hipócrita.

(Existem exceções)

terça-feira, 6 de novembro de 2007

O Nosso Império

É uma pena você me ver só no encontro sexual.
Queria muito ler um livro pra você antes de dormirmos,
Sumir por um tempo na estrada sem rumo,
Transparecer na parede do teu quarto quando você se sentir só.

É porque eu já entendo sua forma de pensar,
E essa sua mente me excita, sinceramente...
O mundo aparenta ser tão perfeito
Ao lado de toda sua imperfeição que admiro.

Poderíamos construir um império nos tempos,
E tornar nossa arte imortal:
Viva nas consciências ainda mortas.

E todas esquinas, botecos, becos, prédios, igrejas,
Todo santo ou maldito lugar desconhecido de cada século:
Tenham nosso nome como exemplo de vitória.

(amor de poetas)

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Destino Sóbrio

Entendo teu desejo pela superfície do meu coração, sei que pode me fazer feliz, pois está expresso em teus olhos a bondade rara, mas entenda que não quero estar acompanhado pelos caminhos perigosos que traço.
Há dias atrás, a chuva tomou conta do meu quintal, os coqueiros altos da praça pareciam bailar violentamente pelo vento fortíssimo, então me retirei do banco sentindo-me ameaçado.
Hoje o calor aquece até a alma, coisa que em mim já é natural, mas sobre essa quentura me pego de rosto vermelho, estou assando, sentindo-me ameaçado.
Há dias atrás me via submisso a um amor, foram Outubros que passaram independente de calor ou chuva, mas me acalentavam os pássaros, eu me via enrolado em braços acolhedores, agora ausentes.
A natureza é a eterna representação do quanto mudanças trazem a certeza da evolução. Ela nos oferece o que pudermos alcançar, ela está para nós.
Se o futuro vier a me surpreender, e eu perceber que estou só, sem os amores que um dia me valorizaram e não foram correspondidos, não será ironia do destino, e sim escolha própria.

Quem Com Palavras Fere, Fisicamente Será Agredido...

Andei refletindo muito agora que percebi algo:
O fato é que odeio a atitude repugnante de bater no rosto de alguém.
E ultimamente, pensando bem, recebi tantos... E nem devolvia.
Só porque odeio esse ato opressor, seja em meus amigos, em animais, em si próprio ou em mim, desconsolado.
Onde um ser desses acha que vai chegar enfiando a mão na cara dos outros?
Que ato mais covarde e que falta de argumento, seria melhor ofender com palavras que atingem a alma pelo menos, ao invés de agredir fisicamente.
Humilhante, e que me faz refletir muito sobre os meus valores na vida a ponto de não esquecer o fato aberrante por nada e nem por ninguém, seja quem for ou o que for...
Aqui estou. Torturando a mente em busca de sentimentos passados que me corroeram, somente pra escrever dedicadamente sobre tapas na cara que tomei.
O que leva alguém a cometer esse ato sujo?
Existe “combate de palavras”, como numa guerra, mas as armas são frases destrutivas e inteligentes. Dois guerreiros perspicazes ferindo um ao outro diretamente na alma. Coitado da alma fraca no momento da batalha, o sangue seria as lágrimas jorradas ao solo sem dó.
Algumas palavras matam na hora de tão poderosas que são seus efeitos, enquanto outras passam despercebidas pelo senso, Joana D´Arc convenceu o exército inimigo a recuar antes de iniciar mais derramamento de sangue, pois suas palavras ecoaram no interior do inimigo. Basta lembrar da ditadura que impôs o estilo de vida americana aos Brasileiros, quantos protestantes, músicos e escritores foram exilados para fora, somente por terem lutado com as palavras. Receberam em troca a agressão física. Para uns, o ato pode vir a servir como um tipo de “chaqualhão”, pra acordar de forma espontânea, já que no caso, as palavras não serviram.
Há quem goste também desse ato repugnante, por fetiche mesmo.
Bom, as palavras são extremamente perigosas às vezes, bem ditas, mal colocadas, sempre provocam reações ao serem cuspidas pela boca. Ultimamente ouvi tanto desaforo que perdi a linha de raciocínio, e minha sanidade junto, olha que é difícil me tirar do sério, mas desferi um desses tapa de rancor, mas logo em seguida me senti um animal irracional, e em meu peito o coração dava tapas-chaqualhão!

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Soneto A Prudência

No meu juízo está a raiz do amor
Fonte de vida a tanta prudência
Pois digno é o meu cuidar
E justo minha insônia

Só não tão prudente vou agir
Sendo o sonho teu a verdade nua
Preponderância da realidade oculta

Hoje em dia é até sagrado ser desleal
Apático é o sangue envenenado pelo adultério
O amor que era puro está impuro aos dois
E a desavença nasce no pobre coração

Prudência! Para evitar o detrimento maior
Prudência! Que corrompe o ato devasso
Prudência! Ao amar quem não ama a si

(Aos pecadores que julgam)

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Solidão Que Nada


Eu queria mesmo é não sair desse mundo dos loucos.
Dentro de mim é um caos de loucura,
E aqui fora procuro esse mundo louco.
Pena mesmo é ter que voltar pra realidade louca de ser:
Louco enganando louco jurando sanidade.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Lábia

Para com esse papo fajuto
Essas palavras banais
Tão complicadas razões
Condições incondicionadas


Você se torna o oposto do que é
Não sei pra que preservar esse rótulo
Sendo que você aceita-se como é
Seus conceitos enganam somente você

Estar num dilema monótono
Só torna a conversa no monólogo comum
Comum de ser um ser incomum no século XXI
Um ser fabricado pra sociedade paradigmática

É preciso nascer de novo então
Sendo realmente o que nasceu pra ser
E numa viagem submissa ao seu ser
Conviver com seu verdadeiro eu.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Vazio Existencial

O difícil é quebrar minha estrutura tão bem sustentada.
Eu não mudei meu ser, a vida que muda a cada dia.
Apenas reação da ação de alguém e com isso sofremos.
Tem quem tenha de tudo e acha pouco.
Outros não querem mais do que já possuem.
Ainda neste fluxo obsessivo de querer sem fim prévio
Há quem teve e não deu valor.

Peguei-me cheio de um vazio.
Vazio comum que propaga eficientemente em mim.
O que torna esse vazio meu numa arte
É o fato de assumi-lo e usa-lo pra inspirar...
Até todo esse vazio interior
Alojado em minhas entranhas torna-se arte.
Tanto vazio e preenchimento absorvido:
Ferramentas pra compreender o mundo

Acho que o meu problema seja o mesmo que o teu,
A falta que faz a conquista da eternidade!
Quero ser lembrado imortalmente por séculos sem fim:
E não fazer pra ser esquecido.

"Serei sempre um solitário, não importa com que me relacionar, estarei eternamente em crise existencial". James Dean

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Seus Olhos Amigos

Seus olhos amigos
Seus olhos, dois lindos meninos
E bem colocados, ajustados, combinados
Com seus traços, de rosto afetivo
Dois pares verdes de uma imensa alma refletida
Pelos teus olhos, eu vejo o todo.

Sei que já te disseram isso
Claro que sim
E aposto que se surpreenderam mais ainda
Quando descobriram a personalidade maravilhosa que você é

E teu amor pode se considerar a pessoa mais pessoa do mundo
Por ter você, de verdade, do lado
Será que ele sabe o quanto você é verdadeiro?
Será que é a unica pessoa que consegue te ver como és realmente
E gosta de você por isso?
Serão teus olhos ou a forma inteira do que é o amor que você representa?

Se os olhos são apenas os portais, os refletores
Eu preferia que meus caminhos fossem iluminados por essa paz
Tão certa, segura e refletida, o faról pro teu amor
Há muito mais aí do que eu vejo ou que você me permitiu ver
Até o que não tenha me mostrado, mas eu vejo tudo assim
Libidinoso como exaltação do meu corpo
Doce como a minha percepção, seus olhos, o portal do amor.

Pedras Não Choram

E novamento desconto o troco com troco,
Sem querer lembrar dos seus erros,
É nisso que dá quando duas crianças
Resolvem namorar, parece até inocência.
Mas é mais que insanidade, é de vontade própria
Isso não vai ter um fim nunca, virou vício.

Talvez chegou a hora de crescermos;
Assumirmos as responsabilidades;
Desamarrar esses nós e voltarmos a realidade,
Admitindo o delito que cometemos, e cometeremos ainda.
Nossos olhos não se encontram mais,
Não há canção alguma que me faça voltar a chorar.
Somente desespero e uma vaga sombra de desgosto.
Eu só tenho vinte e dois e o tempo não vai me esperar.

Erramos, não somos almas gêmeas.
Nem metade de nada, nunca seremos, somos pedras.
Nem uma demonstração de amor, e sim um monólogo.
Nada de dor, mas satisfação nessa inimizade.
Uma competição de cegos.
Uma chuva num dia ensolarado.
Um perdão que nunca pode se perdoar.
Um amor que nunca soube o que é amar.

Somos vermes inúteis desse amor
Caçando e devorando carne fresca
Em pleno auge de convivência.
Pedras não choram!

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Pedra Preciosa Da Lua

E seus olhos não negam a atração
Neles eu me refúgio
Como a luz do sol Transcendente
Difundi-se na lua após a aurora

Certo dia, refletindo os dilemas da vida,
Passeando os olhos a admirar a soberania noturna
Percebi, exaltado a luz escassez na lua,
Certos brilhos humanos já me absorveram a alma

É paixão poética admirar tal satélite natural
Se meus delitos não fossem de amor por amor
Ela mesma me julgaria desumano, incompreensível,
Lucerna perdida nas sombras dessa massa triste

Pedra preciosa e indefinida que foi atirada dessa amada minha
Veio como Fenômeno em chamas ardentes com toda violência
Acertou-me na solidão contida que empoeirava a esperança
Como se ouvisse o meu pranto desde que aprendi a sofrer

terça-feira, 23 de outubro de 2007

O Lago Na Sala

E exausto me entrego a essa cama de sala, seus pés estão banhados por um lago...
Assim faço do vermelho sangue esse sofá que seca meu suor, meu capital sem preço.
O lago na sala.
Entrego-me aos luxos da preguiça sagrada, verdadeira.
Como todas as noites após um dia arduo de trabalho.
Sem realmente saber quem eu sou, paro pra buscar-me nessa monotonia contra o tempo. É uma busca enfreada sobre mim, constante descobertas sobre meu ser.
E olhando pro teto cada vez mais próximo, encontro no inconsciente a consciencia da alma através do universo singular, profundo e teológico, particular e felizmente, eu.
Mas ainda restam dúvidas sem prioridades, como choveu aqui dentro?

O Teatro De Deus

Tem dias em que tudo está contra você
Parece até que Deus te abandonou no nada
Afinal é vazio e sem sentido a sociedade
E isso já está tão comum a cada novo dia
As pessoas me amam na intenção de moldar
E eu que amava tanto você, não sinto mais
E mesmo assim queria querer estar ao teu lado
Apesar de você ter idade a mais
Aparenta tanta insegurança
Confunde a mentira com a verdade
Troca amigos pela inimizade
Desconhece o amor e a falsidade
Perdoa sem razão

A vida é um palco de absurdos
Uma peça sem roteiro
Onde os atores improvisam
A eternidade
No teatro de Deus

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Mal Me Quer

Se os seus lábios não devoram mais os meus
Somente resta o prazer desse físico
Abrangendo a contradição dessa amizade
Produzindo cacos de vidro a cada lágrima concedida

Se os lábios não tão cegos de amor como beijavam
Sentem um gosto aflito e desejam continuar calados
Sem ao menos a abstinência da saliva os molhar
Transtornando o juízo dessa pobre sanidade

É porque, meu amor,
Voltamos do paraíso
Numa incerteza da personalidade.

No rio negro da amargura onde perdemos o respeito:
Afogamos nossos corações oprimidos
E a margarida não produziu a pétala do bem

Categórico

Sentir prazer em compreender
É se jogar ao vento e ser levado pelo empirismo escasso
E as folhas que cairam no outono parecem saber pra onde vão.
Afinal, que fim levou a personalidade do ébrio na noite?!

Meu amor, você está mais pra mar dentro duma gota
Do que simplesmente uma partícula dentro do mar.
Versos arrazoados é o que componho agora.

De certo que o Sol nasce pra partir ao inicio da claridão da noite.
De certo, tão certo quanto não estar certo da certeza subjetiva,
É se queimar com o próprio fogo da paixão,
E somente sonhar com atos que não se concretizam na realidade absurda.

Ter certeza do que se quer, ainda que seja complexo demais; razão pra viver.
A categórica reflexão julga o que não se exterioriza, mas quer...
Somente por ainda conter em si um medo vil.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Eu Queria Ser Seu Espelho

Como me dói esse cansaço, descaso, o compasso.
Eu queria se seu espelho,
Só pra você ver você através dos meus olhos, perspectiva.
Eu queria ser o reflexo da sua consciência mal ajustada.

Imagine, ser a apatia refletida nos olhos de espelho,
Ia saber o quanto lhe faltam pedaços, fragmentos que não se encaixam.
E rejeição mordaz que só entristece.
Só entirstece, adoece, entorpece, envelhece e empobrece o coração.

Eu tentei refletir alegria de todas as formas,
Mas isso só lhe fez mal, isso só arruinou as estruturas,
Você se olha no espelho e enxerga o garoto perdido?
Você consegue enxergar? Consegue perceber a ingênuidade de um sábio?
Tente emancipar-se desse orgulho que seu ego criou, dessa vaidade apática.
O espelho reflete os olhos, você pode vê-los, mas não a alma.

A alma não.
A alma não...

É, eu realmente queria ser seu espelho... ah.
E provar o gosto da condescendência juntos.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Os Caminhos Por Onde Preservam A Cultura

Andando na contra mão na calçada do cidadão,
Toda a natureza preservada e modelada pelas mãos do dominante;
Ando na contra mão por proteção garantida, assim observo quem vem contra,
E aquele teatro logo ali, não sabe que também tenho interesses cognitivos,
O visual variante de vermelho, azul e amarelo são primárias belas da estrutura cortês, estático.
Mas não sou da era paleolítica e já entendo o círculo cromático,
Entendo porque atiraram pedras ou dão valor a quem já recebeu méritos,
Entendo o quão morto está a valorização da arte moderna,
O quanto se esvazia a fonte das artes passadas,
E o novo se torna cada vez mais dinâmico e mal expressado.
O direito de se expressar está mais limitado dentro das conservadoras galerias burguêsas,
A arte tem de ser enchugada para acatar os clichês estéticos da sociedade,
E se tornar uma raridade pouca ingerida no prato sem arroz e feijão.

Os caminhos por onde preservam a cultura proliferando a esperança...
Num lado a cultura de massa e a antagônista contra-cultura escassez,
Ambos caminhos preservados e complexos por onde a arte transcende.
Metafísica: a arte é a perfeita robustez que atravessa os tempos,
Preenchendo os vácuos dos séculos, síntetizando o universo,
Simbolizando o infinito em simples traços, atos, pedaços, espaços, restos...
Trate-a como solução, não problemática, a arte é a ciência primordial adormecida no ser.
Toda epistemologia respira arte,
Toda ideologia é arte, basta ser ousado e original que a arte faz juz.
Os caminhos por onde preservam a cultura dessa etnia contemporânea,
Muitas vezes alimentada de medo, cultuam pra não esquecerem quem são,
Assim como existem brasileiros que se preocupam com a língua nacional mal falada.
Artistas caçam, em qualquer canto que seja, novas inspirações, conscisões, contexto social.
E se o educador de hoje não organizar seus métodos, será usurpado pelo computador.
Perceba que empatia ainda existe nesse século,
E os caminhos por onde preservam a cultura diz respeito a minha paixão.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Até onde saber amar...


Jesus Cristo foi crucificado por ser tão beneficente, se tivesse aceito a verdade que assolava a sociedade na época, teria morrido desgostoso. Talvez, até se tivesse posto a tona todo o ódio contido ao invés de ter sido tão pacifista, teria encomodado mais ainda, mas tornou-se alvo fácil e despreocupado com a conduta que o levou a morte fez-se vítima e morreu sozinho. Apesar de não ter usado a agressão como única arma, usou a sabedoria pra contestar os parádgmas da época através das próprias verdades que julgava sagradas, e essas verdades possuiam o ódio como princípio, ódio discreto, pragmático, mas necessitou de sentir ódio para existir como grande pensador. Eu entendo e perdoo Jesus, pois hoje as coisas continuam como antes; se eu conter esse lado robusto onde adormece o meu ódio, é capaz de me fazerem carregar mais de uma cruz. Se eu estiver no fundo do poço é capaz que me esqueçam lá, isso por eu ter minhas verdades e conhecimento pleno de quem sou, mas a sociedade contradiz - influenciada pelos dogmas religiosos - meu direito de ser livre nesse mundo, mesmo que dela a "verdade" seja a "liberdade de expressão".
Enquanto alguns sofrem, outros gozam desse sofrimento, por outro lado há quem tenha demais enquanto outros possuem pouco. Assim é com o ódio também, só precisa da dosagem certa, de auto conhecimento e de objetivo para impelir. Jamais deve se carregar a cruz dos outros apenas pra manter uma imagem solidária, cada qual com seus problemas, pois a solução é subjetiva. Quantas histórias conhecemos sobre pessoas que abusaram na dosagem do amor e isso tornou do ódio um sinônimo do amor?
Hoje em dia, é até normal ser amado demais e não suportar, mesmo porque todo indivíduo contemporâneo, geralmente consome tudo o que a industria global lança mundo a fora, assim como o amor, que se tornou um produto embalado também, mas isso é uma exceção de intelectualidade onde se conquista o amor e o ódio ou se compra pré-fábricados, com direito a defeito de fabricação sem validade e dependências. Seja pacifista, mas não mais um "objeto pacifista", seja dinâmico, cognitivo e prudente, crie mecânismos de defesa pois a sociedade nos quer despreparados, pradonizados, e ainda nesse sentido: ame com limite. Quanto mais você abusar do empirismo, mais exposto a repressão social você estará; quanto mais conhecimento obter mais você encomodará, até que mais verdades deixarão de existir.